segunda-feira, 14 de março de 2011

O trem das sete

Hoje é dia da poesia. Escrever é mais do que uma boa articulação de palavras. É transbordamento, é paixão, é doação do escritor em favor da escrita.

Esta é minha singela homenagem a todos aqueles que escrevem e fazem de sua escrita ferramenta para encantar, emocionar, entreter o outro.
Àqueles que dividem sua essência, um pouquinho da minha.

O trem das sete

Sentada na estação vejo o céu, vejo a paisagem
Me perco na imensidão do azul que, aos poucos, ganha tons de cinza
Ao longe, escuto o som dos pássaros
Entoando melodias, trocando carícias
Foi uma gota de chuva que senti cair em meu rosto?

Em meio aos sons e percepções sinto a brisa transformar-se em vento
E do vento, os uivos de uma tempestade que se forma
Paro, fecho os olhos e apenas me entrego a sinfonia de ecos que se moldam
Conversando, sussurrando, contando segredos
Segredos que só ouvem os que se permitem parar

Abro os olhos e o trem já se foi
Se foi sem que eu pudesse embarcar, seguir meu caminho
"-Calma" - diz o vento - "-logo outro trem está por vir!"
E novamente me sento, ansiando pela novela contada pelos silvos da brisa errante

Já não mais brilha o sol... é a noite se anunciando no horizonte
Noite que traz consigo o frescor de uma chuva fraca, tímida
A tempestade foi-se embora, ficou a calmaria
É o drama, a trama, a grama... Perfumes da noite embalados ao som de raios e trovões

Experimento caminhar pela rua, enganando o tempo
Na esperança de que o trem chegue depressa
Meus cabelos já começam a ficar molhados, pingando gotas gélidas no meu rosto
Me entrego à sensação de estar no mar, envolvida pelas ondas
Beijada pela brisa, desperto com um som crescente
É o trem das sete, que se aproxima para me levar ao meu destino

Para onde mesmo eu queria ir?

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