segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Carta para Francisco


Hoje eu só queria dizer o quanto a minha vida mudou desde aquele 22/04/14. Dizer que eu não me lembro nem do que eu almocei ontem, mas me lembro até o nome da atendente da farmácia onde comprei o teste (Franciele).
Lembro que entrei naquele cubículo de banheiro e aguardei por pequenos 5 minutos, mas que nesse curto tempo imaginei desde o dia do teu nascimento até a tua formatura na faculdade.
Ali na minha frente estava o teste mais difícil que eu já fiz. Difícil porque nada nesse mundo nos prepara para a imensidão que está por vir.
Cada semana depois dali parecia um mês. Cada mês parecia um ano. E por incrível que pareça, depois que nasceste, cada ano parece um mês e cada mês parece uma semana.
Que privilégio ver a formação de um ser humano! Tenho que te dizer o quanto é fascinante te ver crescer e descobrir o mundo. Não, meu filho, não é bobagem. Quando tiveres os teus filhos vais entender o quanto as pequenas coisas engrandecem o coração.
Depois de ouvir o som do teu coração bater na ultrassonografia, te ouvir chamando "mamãe" com certeza é o som mais lindo do mundo. Te ver formando as palavras e comunicando tuas vontades é algo indescritível. 
Preciso dizer, Chico, o quanto eu amo teu sorriso fácil. Me faz lembrar que é preciso muito pouco para ser feliz (bem menos do que a gente corre tanto atrás). Sorriso de filho faz o dia mais terrível terminar em paz.
Antes de ser mãe, imaginava o que estaria fazendo daqui "x" anos. Hoje fico imaginando o que tu vais estar fazendo e rezando a Deus para que eu esteja por perto para ver cada conquista.
Um ano e dez meses! Obrigada, filho, por me ensinar que a cada dia podemos fazer melhor. Que erros e acertos fazem parte da nossa jornada, mas que acima de tudo ela é marcada por muito, mas muito amor.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Reta Final - Ansiedade e temor

Encerramos nessa semana o segundo trimestre da gravidez e damos início ao sétimo mês. Muita coisa importante aconteceu em termos de desenvolvimento fetal e muita coisa importante ainda vai acontecer no desenvolvimento do papel mais fundamental nessa trama toda: o papel de mãe.

Na ultrassonografia morfológica, descobrimos ser um lindo meninão, que já tinha nome de santo antes de confirmarmos o sexo: Francisco. Tudo corre as mil maravilhas, o barrigão cada dia mais aparente, os movimentos dele cada vez mais fortes. Cada fase da gestação é uma descoberta que vai estreitando esse laço tão forte com um "serzinho" que ainda nem nasceu, mas que já significa tanto para tanta gente.

Chegou a hora de planejar o chá de fraldas: momento de dividir com amigos e familiares a felicidade da proximidade do nascimento do bebê. 
Também é hora de sonhar acordada com tamanho, peso, cor dos olhos que ele vai ter ao nascer. Sobram apostas para saber se vai ser a cara da mãe ou do pai.

E chega o momento em que a ansiedade dá lugar a um sentimento inevitável e que acompanha todas as futuras mamães (as de primeira viagem então, nem se fala): a hora do nascimento/parto.
Por aqui, correndo tudo dentro da normalidade, optamos pelo parto normal. Desde meus tempos de coordenação de grupos de gestante defendo a ideia de um parto mais natural. Defendo por inúmeros motivos, mas acho que esse é um daqueles momentos muito particulares e que cabe a cada mulher pesar o que é mais benéfico para ela, seja o parto normal, seja cesariana.
Independente de ter escolhido essa opção, sempre bate um medinho. Medo aliás, natural, uma vez que é uma situação desconhecida e tão grandiosa.

Troquei bastante experiências com outras mães e certamente vou discutir amplamente com o obstetra a respeito. Quanto mais bem informada estiver, com certeza também estarei mais tranquila para vivenciar esse momento inesquecível em toda sua plenitude.

No mais, começaram os desconfortos para dormir, as dores nas costas e o ganho de peso. Tudo num nível aceitável e tolerável. Estamos as voltas com a montagem do quartinho e vivendo um momento muito gostoso. Isso ajuda a diminuir os temores e focar no motivo principal de todo esse momento: ver a carinha do Francisco, lindo e saudável no colo dos familiares.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Leigo ou especialista?!

Diante das notícias sobre suicídios e mortes de "famosos" das últimas semanas, não sei definitivamente o que pensar sobre o posicionamento de algumas pessoas.
De um lado, surgem a todo instante especialistas em sofrimento psíquico, luto, depressão.

É um festival de gente que se empodera do tema e sai propagando pérolas nas redes sociais. Já vi até cantor "famoso" analisando os processos depressivos e diagnosticando.
Acho interessante que desmistifiquemos a depressão e o sofrimento, popularizando e naturalizando os conceitos. Acredito que quanto mais soubermos, mais fácil identificaremos situações de risco e buscaremos ajuda para nós mesmos ou pessoas próximas.

Mas é preciso cuidado com as informações que lemos porque tem muito leigo dando uma de especialista, analisando de forma muito parcial e pouco profunda.
Sem contar aqueles que têm uma opinião formada e saem como metralhadoras atirando e julgando cada fato que acontece sob sua própria ótica.

De tudo que eu tenho lido, ficam algumas reflexões:
- Depressão é uma doença séria e que ainda ganha conotações de "frescura" , de algo que depende única e exclusivamente da vontade da pessoa de sair dessa situação.
- As pessoas têm imensa dificuldade de se colocar no lugar do outro. Fazem julgamentos, comentários maldosos e desrespeitam o sofrimento alheio.
- As diferenças individuais não são levadas em conta. Porque fulano enfrentou um processo depressivo e "se curou" com trabalho, viagens ou com medicações, não significa que vai ser assim para beltrano. Cada pessoa tem aparatos subjetivos para lidar com as situações e cada contexto nos influencia de formas diversas.

Ainda estamos longe de recuperarmos a empatia e solidarizarmo-nos com a dor do outro. Acredito que às vezes é uma forma de nos defendermos contra aquilo que não entendemos.
Sofrimento faz parte da vida e quando ele se torna patológico, é preciso reconhecer nossas dificuldades e saber a quem recorrer. Depressão é doença e precisa ser acompanhada adequadamente por profissionais da psicologia e também da psiquiatria.
A quem está passando por isso, pesquise. Se tiver dúvidas se este é o seu caso, busque atendimento. Não espere chegar num ponto onde não se vê alternativas.
Para quem tem amigos ou familiares passando por dificuldades, dê suporte e procure não julgar. Faça com que busque ajuda e compreenda que a falta de vontade/motivação é característico dos processos depressivos.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

E agora, mãe?!

Bom, não é mais novidade que estamos esperando um bebê e isso é algo grandioso, maravilhoso. Mas com certeza grandioso, maravilhoso, não definem nem de longe a complexidade que é descobrir-se grávida e realizar as implicações atreladas a isso.

Com a gravidez, descobri um fato desconhecido para mim, mas uma dura e constante realidade: 20% das gestações terminam em aborto. E, não há nada que possamos fazer para impedir. É a natureza seguindo seu curso. Estive dentro dessa porcentagem e posso dizer: dói. É um sofrimento que não cabe em palavras.
Tive um aborto espontâneo às 5 semanas no final do último ano. Era pouco tempo de gestação, mas tempo suficiente para pesquisar data provável de parto, mudanças e desenvolvimento fetal nas primeiras semanas, pensar se seria menino ou menina, superar o susto de se imaginar grávida e tudo mais. E em questão de dias, isso vai por água abaixo. Deu para ter uma noção?

Por que estou contando isso se a gravidez atual corre às mil maravilhas? Aliás, estamos de 18 semanas (4 meses e 1 semana). Por que tentar uma gravidez após um aborto é muito assustador! Mas a lição é esperar com fé, porque segundo meu médico um aborto é um evento isolado e podemos seguramente desenvolver uma gravidez saudável após o prazo de recuperação adequado.
Impossível não criar uma neurazinha sequer, mas a gente não pode deixar isso influenciar no que acontece daqui pra frente.

Descobri também que aqueles sintomas de novela e filme, quando a mulher nem desconfia que está grávida e simplesmente desmaia, enjoa, vomita, tem dor nos seios e etc, não é com todo mundo.
Não tive nada disso. Desconfiei por palpite de familiar e por atraso menstrual.
Eu que sempre fui "enjoadinha" não tive um único enjoo. Tudo de bom.

Mas vou contar, gravidez não é doença, mas requer uma série de cuidados. Eu por exemplo, tenho tomado ácido fólico há mais de 6 meses (vitamina que previne má formação do bebê). Tive que abrir mão do café, do refrigerante, do meu amado idolatrado sushi, dos rodízios, do repelente (mosquitinho adora uma grávida!) e cuidar tudo o que eu como para passar o maior número de nutrientes possível para meu filho.

No mais, sigo com as mesmas ansiedades de toda e qualquer grávida. Contando cada semana, lendo tudo sobre cada fase, doida de curiosidade para saber o sexo do bebê (o safadinho não quis mostrar "as partes" na última eco). Por ser magrinha demais e ainda não ter ganhado peso, sofro bastante com meu corpo se expandindo para acomodar melhor o bebê. E ah, para quem ficou com uma pontinha de inveja porque não tive os desagradáveis enjoos, nessas últimas semanas tive alergias, gases e verruguinhas típicas da gestação. Iupi! (só que não).

De todas as coisas que aprendi (e vou aprendendo todo dia), posso dizer que é uma experiência única. A gente ama muito uma música e descobre que não existe som mais lindo do que ouvir o coraçãozinho do nosso filho. De resto, é um dia de cada vez, uma alegria de cada vez, um temor de cada vez. E o enxoval crescendo a cada dia com mimos dos familiares, dos amigos e do papai. Ah, e dessa mãe de primeira viagem.




domingo, 16 de fevereiro de 2014

Empatia por um dia

Empatia é a capacidade de compreender os sentimentos alheios, imaginando-se nas mesmas circunstâncias. É o popular "colocar-se no lugar do outro".
Acredito que entender o conceito seja algo muito simples. 

Encontrei essa imagem e instantaneamente selecionei-a, pensando ser importante o suficiente para as reflexões que venho fazendo nesses últimos meses.

Quantas vezes somos abordados durante a semana (ou até mesmo no dia) por outras pessoas? Quem nunca se viu numa sinaleira sendo invadido por panfletos de imóveis na planta, restaurantes, folhetos de supermercados e achou inconveniente ter que abrir a janela para receber um bolo de papéis, atire a primeira pedra. Ou mesmo na rua, nos deparamos com aqueles braços estendidos e muitas vezes nos desviamos, deixando aquela mão suspensa, portadora de inadequadas quantidades de "lixo" ali, na espera.

Às vezes nos sentimos tão interrompidos em nossos devaneios em situações semelhantes e tão incomodados que não percebemos que as pessoas que estão ali nos "atormentando" estão apenas desempenhando uma função, trabalhando. Como é difícil sairmos da nossa posição de "incomodados" para a posição de "incomodadores".

Vejo situações de pessoas que têm a maior dificuldade de colocar-se na pele do outro, chegando algumas vezes ao extremo da grosseria. 
Não estou dizendo que devemos deixar de achar que certas coisas são incovenientes. Não vou dizer que adoro lotar a lixeira do meu carro com panfletos que eu não vou usar para nada.
Estou convidando o leitor a pensar sobre isso, sobre como reagimos com as pessoas que estão ali, desempenhando um trabalho.
 Não é fácil ficar sob o sol, interpelando pessoas e oferecendo serviços que talvez não estejam nas necessidades delas.

O que estou sugerindo é, de vez em quando pelo menos, coloquemo-nos na pele do outro. Não nos esqueçamos que cada um é parte da engrenagem social, desempenhando seu papel e esperando não só por reconhecimento, mas por respeito.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Iniciando um ciclo

O primeiro dia do ano é simplesmente isso... o primeiro de 365 outros dias para reescrevermos nossa história. Mas acho importante e até mesmo imprecindível fazermos um balanço das nossas vidas em determinado momento.

Essa avaliação vai nos permitir pensar nas metas não concluídas, nos acertos, nos erros e nas decepções. Elementos esses que vão potencializar as oportunidades de acerto e construir as ferramentas para lidar com as dificuldades.

Meu 2013 foi emblemático. Daqueles anos difíceis de classificar em "bom" ou "ruim".
Tive momentos de imensa alegria. Pude viajar, conhecer lugares que eu só via nos filmes. Tive surpresas maravilhosas, sorri muito, fotografei muito.
Redescobri minha vocação profissional, fiz a diferença na vida das pessoas.

Mas também foi um ano em que conheci a trapaça, a puxada de tapete e a maldade gratuita. Me decepcionei com pessoas que eu gostava, me surpreendi com a frieza de quem um dia eu chamei de amigo.

Passei por momentos de perda, de impotência e de dor.
Aprendi que quem me ama vai dar um jeito de estar por perto apesar da correria, da falta de tempo.
Aprendi a valorizar quem se faz presente e a esquecer quem não faz diferença. Não procuro mais motivos nem justificativa para a indiferença alheia.

Comecei tirando da minha vida pessoas negativas, reclamonas e que não se movimentam para mudar sua própria realidade. Às vezes as pessoas não têm culpa, não o fazem por mal. Mas aprendi que eu também não tenho culpa e que cada um deve ser responsável por seus fracassos e suas vitórias. Tudo é uma questão de movimentar-se em busca do que se quer.

Não que eu tenha perdido minha vocação de me preocupar com as pessoas ou de querer ajudá-las. Mas passei a me preocupar mais comigo e com aqueles que estão a minha volta, se preocupando com a minha felicidade.

Que em 2014 a gente possa FAZER mais e planejar menos.
Que eu continue cercada de gente que FAZ, de gente de bem, de gente que ama e que sabe o que quer.

Adeus 2013... Bem-vindo 2014!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O dia em que a tristeza escreveu por mim

Certas coisas nos acontecem nessa vida pelo simples fato de que têm que acontecer. Algo me leva a crer que tudo tem um por quê, uma lição para nos ensinar, uma potência a nos fortalecer ou uma fraqueza que precisava ser superada.

Eis que chega um dia em que a vida da gente vira de cabeça para baixo, vira de ponta cabeça e a gente chega a perder o rumo. Ai a gente absorve os acontecimentos, tira proveito do que é positivo e passa a achar que essa era a reviravolta que a nossa vida estava precisando.

Mas algumas coisas são passageiras e vão embora sem maiores explicações.
O que antes eram planos, agora são lembranças.
Os sorrisos diante do incerto agora viram dúvidas sobre o futuro que há de vir.
E se instala um vazio estranho, desconhecido.

E a gente chega a se perguntar se vai conseguir passar por isso de novo de cabeça erguida, sem medo, sem exitações.
A gente é forte, eu sei.
Mas às vezes, só às vezes, bate aquela coisinha triste, aquela pontinha de medo, de impotência.

Tentamos ver as coisas pelo lado bom, mas acredito que frente aos tombos nos resta o direito de lamentar pelo que foi perdido, idealizado. Acho que aquilo que idealizamos e projetamos no futuro é o que mais dói perder.
O que não podemos é perder o desejo de seguir em movimento, de traçar novos caminhos.

Caminhar acompanhado aumenta o prazer da caminhada. Ter com quem dividir alegrias e tristezas é o diferencial na superação dos momentos difíceis.
O tempo é essencial para resignificar as vivências. É ele que vai mostrar os "por quês".

Nos resta ter paciência e aceitar aquilo que não podemos mudar e ir em busca daquilo que nos faz feliz.